quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sem titulo

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Ela gostava daquele lugar apesar da aparência rústica. As grandes colunas de pedra já contaminada pelas trepadeiras, as grandes pastilhas de cimento que já não formavam um quadrado perfeito, o jardim que já não era tão bonito, tudo contrastava com a paz que ela encontrava naquele lugar.

De verdade ela procurava por alguém especial para ela era um mestre. Ele não tinha feições belas, raramente olhava alguém nos olhos, tinha um jeito tímido e não era muito de falar, porém era um grande ouvinte e sabia como ajudar sempre que era necessário.

Ele misteriosamente tinha dito que fazia perfis das pessoas mais próximas e aos poucos ia revelando. Ela, por conseguinte, ia aos poucos se conhecendo melhor e se aprimorando, para ambos era satisfatório e divertido.

Eis que uma vez ela chegou com um sorriso muito maior do que todas as outras vezes e aquele lugar já lhe dava asco e sentia que talvez que precisaria muito menos do seu grande amigo,que agora não lhe era mais mestre.Contou que caminhara por belos caminhos tinha conhecido jardins bens cuidados,pastilhas de mármores,belos pássaros e que agora a fonte do amor tinha brilhado para ela.

Ele engoliu em seco sentiria saudade, mas não era a coisa certa a dizer, apenas comentou:
-Volte sempre que precisar e volte também mesmo que não precise.

Já tinha se acostumado com a presença daquela alma radiante, cheia de vida que contrastava tanto com o que ele era. E a ausência daquela encantadora peça de estudo e também objeto de grande esmeril ia com certeza lhe fazer falta. Anotou no caderno:

“Ela não lavou apenas as mãos na fonte do amor, mergulhou fundo, se lambuzara da água e agora estava a jogando para cima. Pena que a és tão frágil a fonte, mas mesmo assim tomará que para ela seja duradoura e eterna”.

Depois de um grande tempo ela voltou aquele lugar a fonte tinha partido e se quebrado.Mas mesmo assim se via algo diferente nela.Não era tão transparente as mudanças mas podia ser sentida como se fosse uma nova aura um novo semblante para uma figura tão conhecida.

Ele ficou tão curioso que resolveu um dia visitar aquela pessoa que agora ocupava seus pensamentos de maneira insistente e perigosa. Faltavam algumas peças do quebra-cabeça e estava decido a montá-lo nem que fosse a muito custo.

Conseguiu descobrir que agora ela não era mais aquela menininha nos seus olhos a ingenuidade se misturava a malicia, a dor dançava com a alegria e o prazer de esta viva e todos os contrastes faziam dela agora uma mulher decidida e imponente.

Ela era como ele queria feito como se fosse uma escultura retirada de seus pensamentos como se fosse a obra perfeita do melhor dos melhores. Não era fácil classificá-la não era super cultural para causar divergências de opiniões e nem tão sem conteúdo que lhe assustasse a possibilidade dela falar.

No final conseguiu, provisoriamente, montar o quebra cabeça. Apesar de tudo ele não era apaixonado de uma forma física por ela, gostava de estar com ela e poderia perder o resto do seu tempo naquelas visitas que tinham cada vez se tornado mais raras.

Era como se amasse todo o mistério que estava envolvido e tinha descoberto uma pessoa bem diferente das outras, mas aquilo ainda não lhe era, surpreendentemente, aquilo que ele procurava.

Mesmo assim tinha agradecido ao destino por ser assim ele também tinha fechado a parte do mistério que envolvia a relação dos dois. Ela o admirava muito e confiava nele mais até do que ela conscientemente achava, mas era só...

Um dia mandou chamarem ao alto da colina. Quando se encontraram, ele começou:

-Agente não precisa ser mais amigos. Você não precisará mais de mim por um bom tempo. Talvez você me permita achar que fiz algo por ti isso me fará muito bem.

Ela retrucou:

-Por que você tem que ser tão egoísta?Por que pensa que o mundo gira em volta de você?

Havia um pouco de raiva e ao mesmo tempo tristeza nos seus olhos, mas mesmo assim ele falou:

-Digo a você que aprendi muito mais contigo do que você acha. Ajudar-te esse tempo me fez muito melhor, mas agora é só. Sempre que precisar tarei aqui e lhe imploro que sempre que precisar me procure.

Eles se despediram. Ele tinha vontade de descer a colina correndo para ela e admitir que precisava tanto dela que tinha feito aquilo.Caiu-se no mundo, era como se estivesse doente não encontrara mais a felicidade.Ela não visitava-o mais ,morreu esquecido num canto qualquer com gente que anteriormente preferiria nem da bom dia.

Ela também teve vontade de voltar e lhe implorar por atenção. Queria convencê-lo de que estava fazendo uma besteira e que gostava profundamente dele. Mas amor, amizade, nada disso se pede e nem se ganha gratuitamente. Muitas vezes teve vontade de voltar e lhe pedir conselhos, mas nunca fez isso. Encontrou a felicidade, morreu feliz, mas nunca tinha esquecido aquele seu mestre-amigo tão...


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Nunca tinha gostado tanto de um texto meu quanto esse
comentem ae.
Muito obrigado!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O sapo

O sapo

Era uma vez um sapo que queria ser jacaré. Para ele aquela onda de ser príncipe estava fora de moda, fora de nexo. Não existiam mais princesas, mulheres não beijam mais sapos e príncipes não mandam mais em ninguém.

Foi então que contra tudo e contra todos ele resolveu que não entraria na escola para príncipes e se matriculou para fazer aula de caça com os jacarés.

Enquanto os seus milhares de irmãos aprendiam a lavar o pé, aprendiam etiqueta, aprendiam a governar, historia geografia, ciências, matemática, filosofia e etc. Ele aprendia a caçar, a se camuflar, se esgueirar, fingir de morto, observar e atacar à presa.

No inicio foi bastante complicado era perceptível que os outros jacarés o olhavam de um modo diferente literalmente eles o devorava com os olhos. Mas ao pouco o sapo foi ganhando o respeito de todos e conseguiu se “formar” com vários outros jacarés.

Eis que um dia, o sapo faminto encontrou um casal. Ele com o diploma de jacaré se achando maior predador da natureza realizou toda a manobra de caça. Pegou o casal de surpresa, mas rapidamente o homem com uma coroa na cabeça defendeu a dama e acabou por matar o pobre sapo.

Ao olhar aquele sapo no chão, o príncipe lembrou que já foi sapo também e tentou salvar um dos seus milhões de irmãos. Desesperadamente tentou de tudo, mas não teve jeito.

A princesa vendo toda a compaixão dele por um sapo ficou enjoada, bestificada e resolveu deixar o príncipe ali sozinho. O príncipe voltou a ser apenas mais um sapo.

Moral da historia?
Sapo é Sapo
Jacaré é Jacaré
Príncipe é Príncipe
E ai de quem querer ser o que não é.