quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Uma historia qualquer.

  
  Estava lá a Bela Adormecida, segundo antes de ser beijada. O príncipe ainda confuso sobre o que deveria fazer e a fim de resolver logo as incumbências deu um beijo insosso na então desconhecida.

  Logo que acordou, a Bela acertou um bofetão na cara do príncipe. Suas mãos calejadas de trabalhos domésticos fizeram uma grande marca na face rosada do nobre.

  Ela com o semblante bastante irritado indaga ao ser que acabou de conhecer o que foi que estava acontecendo e o porquê dele a ter despertado do sono.

  “Você não sabe o quanto a minha vida é difícil, pego agua no poço, faço comida , arrumo a casa , você não sabe das dores que sofro antes de deitar. Não sabe o quanto é difícil limpar uma casa de anões, não sabe o quão é difícil conviver com pessoas que só sabem ser a mesma todo os dias. E pior , todo mundo quer me matar... Sinceramente prefiro voltar a dormir”.

 Voltou-se então a pedra que antes dormia.

  Logo o príncipe falou:

  “Você é muito reclamona, eu tenho que encontrar o amor da minha vida e essas idiotices. Queria poder apenas curtir as festas reais, me divertir com meus amigos, não pretendo ter apenas sete amigos e todos eles serem anões, quer saber de uma: eu vou embora!”

  Foi então subindo no cavalo, Bela que então perderá o sono pediu para que ele a acompanhasse até a casa dos anões.

  Foram conversando, dois mundos diferentes e duas pessoas tão iguais. Falavam das peripécias do rei, das famílias enlouquecidas pelo poder e pelo dinheiro.
  
  Identificaram-se, o príncipe às vezes a visitava, torcia para vê-la. Ela às vezes até o esquecia.
                      

                Continuaram suas vidas e foram felizes para sempre.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Valeria Larissa

...

  Era Valeria Larissa formada em fisioterapia pela Escola de Engenharia Química, viajou para Rússia para fazer sua pós-graduação em “Domesticação de Ursos Polares”. Não se sabe se foi por muita praga ou muita Vodka, mas logo voltou com apenas um sapato de couro de jacaré, uma bolsa feita de cobras e alguns casacos.
   
   Beijou pela primeira vez aos 25 anos, tivera o primeiro filho aos 22. Casou aos 29 anos, aos 32 se apaixonou.

   Por sinal, nesse exato momento está a trair seu marido, não sente prazer por isso e nem tão pouco o outro lhe agrada é apenas vingança. Seu marido é um cara distinto, mal sabe seu nome, fiel, amoroso, atencioso, rico...

  Ela ainda espera poder se jogar fora, mas leu numa revista sobre não produzir lixo. Resolveu entrar na terapia, mas não sabe o mal que tem, pensou em se jogar do prédio, mas varanda lhe falta.
  
  Não sabe onde errou na vida e nem tão pouco onde acertou, se ainda pudesse criar salmões, plantar flores no seu pequeno apartamento de 40m², se ainda pudesse morrer, talvez sentisse só um pouco de prazer, prazer que sempre lhe faltou.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ensaio




...‎Passo o dia na janela esperando para ver se o resto de mim volta para casa e quando  você vem atravessando o portão, de passos tão tímidos passeando pelo jardim,  distraído, pensando em outra qualquer, você vem para me devolver, para tirar esse fardo, que eu sou, dos seus ombros.
 
Fecho as cortinas, tranco as portas e finjo não está. Me sinto tão pequena, tão idiota, mas eu tão estupida me sinto acompanhada nem que seja pelo seu sorriso e pela cara que faz ao me ver, pela raiva de tudo que eu faço você passar.
 
Por isso , mas uma vez, apareço toda desarrumada para lhe ver, faço pouco caso do que  quer me contar, não lhe atendo e me arrumo toda para sair sem ti e faço e aconteço.

Um dia terei coragem de ir e me tomar de volta, lhe esperarei no portão , pronta para ser completamente minha.