sábado, 21 de maio de 2011

Flor do Sertão

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  Era um Sertão, qualquer terra batida, pés calejados, braços rudes, corpo desengonçado e meio bambo. Nada se via; nada se havia. Era um tudo sem nexo, vida cinza, mas ninguém nunca disse que era uma vida infeliz.

  Não havia sonhos, nunca se implorou por uma gota da agua e tão pouco pediu-se favor a doutores ou políticos ou seja lá o que for.

  O Sertão sofria como todo um resto, como os pássaros que não cantavam, como os rios que não desaguavam e as primaveras que tardavam.

  Até que um dia, Deus piedosamente ou por gostar de ver desgraça dos outros enviou gotas de chuva e assim fez brotar uma flor no Sertão.

  Meu coração sertão ficou abismado a admira-la, cultivei-a, cativei-a, passei meu tempo a observa-la. E vendo a possibilidade dela secar, a levei para casa. Desabriguei toda minha vida, retirei todos meus trapos, todos meus velhos móveis, para colocá-la onde eu pudesse sempre ver.

  E sim, aos poucos ela foi rindo para mim. Achei-nos tão feitos um para o outro, que fiz do meu sertão uma vasta floresta, todos os pássaros cantavam, os rios corriam, as flores desabrochavam.

  Ao ver a flor secar não soube o que fazer, meu corpo tão rude e calejado pelas dores do sol e do trabalho, voltou a doer. Meu coração se fez novamente Sertão e eu ,que antes acordava cantando, surpreendia-me ao ver sorrir, que andava sumido, na frente do espelho.

  Seja por um gole de boa cachaça, por uma lágrima que foge pelos meus olhos ou pelo suor de homem valente, essa flor sempre nasce.

             E é muito difícil negar sua existência, muito difícil esquecê-la...

Delírios febris, insônias...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pedras...

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  Cada vez que me encantava por ti apanhava uma pedra e guardava. Em pouco tempo havia pedras que me escapavam os bolsos, me preenchiam e minha mochila pesava tanto que não tinha possibilidades de carrega-la.

  Foi por isso que sentei desesperada no portão de casa. Deixei você me ver completamente acabada, e, talvez por pena, trocamos de mochila.
   
  Pensei que era amor, por isso na primeira esquina enchi-me novamente de pedras. Imaginei que assim caminharíamos juntos e plenos, mas você novamente estava leve.
                
                       Percebi que, para você, minhas pedras eram apenas pedras.
  
  Decepcionada jogava as pedras fora ao gosto de lagrimas. Passei a viver entre dias leves e dias pesados, enchia-me e me esvaziava. Até o dia que eu te reencontrei.
  
  Você estava com outra e estava muito feliz. Intuitivamente, coloquei as mãos no bolso, mas não encontrei nada. Recorri desesperadamente e fui abrindo compartimento por compartimento da mochila e não encontrei nenhum vestígio de ti.

  Descobrir que a tempo não me encantava contigo e com o tempo nem rancor, saudade, tristeza, decepção...Não sentir mais nada. E agora para que serviriam bolsas? Sacolas? Mochila e malas?

Sorrir, por não ter sentimentos, no caminho de casa achei-me Deus.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sou Nos.

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   Existem inúmeros "eu's" que saem desesperadamente pelas ruas. Vão adiante, voltam , dobram as esquinas. Percebe-se a minha presença pelos passos tímidos, cabeças baixas e pelo desejo tão latente, que chega a ser repulsivo, de ser notada.

   Esses diversos eu's-lírico saem pela rua e são atropelados, pulam de prédios e pontes, se decepcionam, somem , se perdem, enlouquece, mas outros tantos permanecem. Permanecem em cada um que necessita e para estes entrego um “eu” e com estes fica, a minha tão confusa, essência.

   Então não me cobre que eu seja sempre a mesma, enquanto houver milhões de mim vagando por ai. Talvez esteja ainda com você, e cegamente não me ver...

   Seria muita simplicidade de sua parte me achar dual, prefiro me sentir única, de tal que forma que de tantas possibilidades para ser, eu seja puramente aleatória.

Prazer sou sua sorte.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Para sentir...

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Veio aquela primeira dor, tão latente que apertou as mãos contra o corpo, como se tentasse aquecer o coração que tanto doía. E a dor era forte, sem sentido, sufocante, era uma vontade de se consumir.


Escondeu-se embaixo do cobertor, querendo não pensar em mais nada, querendo se evadir do mundo e contemplando a dor. Dessa vez não era saudade, solidão, amor, nada desse tipo, era medo.


Talvez em algum lugar estivesse acontecendo algo que mudaria sua vida e parecia que seria para muito pior. Entregou-se a tristeza e aos poucos viu a felicidade, que há tanto tempo se acumulava, se necrosar. Aos poucos os olhos choravam, havia calafrio,sangue, suor, ranger de dentes...


De alguma forma ele estava perdendo e não sabia o que fazer.


Nesse momento talvez desculpas seja pouco, perdão seja difícil, e “eu te amo” pouco mude a situação, mas por ser valente admite o medo, aceita a tristeza e da um adeus de forma melancólica e saudosista ao “ser” que tanto almejou ser.


Em fim, ele nasceu para ser o sapo e não o cantor da lagoa, seria mais um ou talvez o menor de todos os outros, a felicidade não visitaria sua casa e ele se acostumou de tal forma a se fazer de vitima da sorte que cegou-se e a sorte, a felicidade , e as coisas tão pequenas, mas valiosas, passaram.


Sobrou um lamento de quem teve a chance de ter o que queria, daquele se achou triste, de quem se achou o pior, de quem deixou de vencer tantas vezes por acreditar que não venceria.


E por tantas brigas, pela insensibilidade, pela falta de companheirismo, por sempre querer um pouco mais, por desconfiar do obvio, por duvidar de quem não deveria, eu peço perdão desse pobre e infeliz rapaz.


Aos poucos que mesmo assim ainda continuarem com um homem de tal estirpe, desejo-lhes muita sorte e felicidade. Apesar de tudo ele me parece ser uma pessoa agradável.

domingo, 1 de maio de 2011

Suspiro

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Mesmo acordado poderia jurar que ainda dormia tudo parecia um sonho. Os dias, que anteriormente foram de chuva forte, estava brilhante, o sol reinava do alto e sua sublime e tão imponente presença fazia os pássaros cantarem.

Na cama se espreguiçava mais uma vez, estendia os pés para cima e ficava a imaginar. Ela ainda não tinha saído ainda da cabeça e entre uma respiração e outro vinha uma sensação boa que contagiava todo o quarto.

Seus olhos, então, brilhavam. Era apaixonante o semblante dele. Ele estava tão apaixonado que...

Ele estava tão apaixonado que tropeçou nas próprias pernas e caiu, mas caiu feliz. Caiu ao som de eu te amo, sorrisos de vergonha, caras de pedintes, era um pouco de amor que agora sentia e era um suspiro de vida dentro do peito que o faria seguir em frente.



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Recomendo ao leitor achar um motivo para um suspiro. E suspire bem fundo, sonhe, AME.E por favor não sigam meus exemplos.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh *suspiros*