segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sobre alguém que nada vale.




Ela tinha passado dias tristes a pensar como se vingar de uma pessoa que a tanto fez mal e em tão pouco tempo. Ela não poderia fazer qualquer coisa, deveria jogar o mesmo jogo dele, por isso deveria mostrar o tanto que aprendeu,sabia que aquele coração de gelo não se afetaria por qualquer coisa. Ele não era igual a qualquer outro que ela poderia se vingar como qualquer outra mulher faria.

Ela pegou um papel e ainda soluçando lágrimas e escrevendo fortemente, como só escreveria quem tem muita raiva, rabiscou um texto em três partes, era como se fosse um aviso para todas as outras que viessem a se aproximar dele.

I: Primeiramente ele vem todo doce, lhe ganha muito fácil. São palavras tão hipnotizantes, que pode até parecer real, é tão natural que é assustador. Como uma valsa, você vai dançando num mundo tão belo que ninguém mais poderia lhe oferecer e vai esquecendo, quando nota está totalmente vendida.

Ele começa a fazer parte de sua vida, rouba todo seu tempo, prende todos seus pensamentos e sempre que procurá-lo estará com aquele sorriso doce e uma cara de que tudo é melhor por que você existe.

E como num filme de mocinho, ele se torna o vilão, te prende e é nesse momento que você vai conhecer o fim de tudo.  E todo o amor gratuito vira birra e puro amor próprio.

II: E como aquele ato que muda toda a tragédia grega começa o ato 2. E aquela criatura fofinha agora é seu pior pesadelo.

Aquela vontade de viver some, ele se torna triste, melancólico e introspectivo. Passa a ter um ar um tanto macabro e tão misterioso que você passa a tentar saber o que passa na mente dele.

Então é de repente que ele some, lhe trata como a qualquer outra, passa a ser super sincero, destrói todos seus sonhos.

E todos aqueles mundos prometidos? Desaparecem, agora é nada.

Você se sente tão mal que tem vontade de chorar, se estressa, se esperneia, tenta fugir de tudo, tenta sumir.

Por mais que queira o convívio se torna insuportável, ele agora está tão distante.

III: Por fim você foge, bate o portão e fica com aquela impressão que já está indo tarde. Um dia vocês se reencontram, se procuram, se acham e convivem tão bem que volta a ser tudo um tanto confuso.

Como no ato final que o vilão morre, ele também é obliterado da sua vida.

Esqueça ele, não vale à pena.

Enrolou isso em volta de uma pedra e atirou numa manhã no quarto dele, estraçalhando o vidro. O sol rapidamente iluminará o quarto e um tanto cego ele acorda e ainda viu o vulto da moça que passava.

Ele não fazia a mínima ideia de quem era, mas leu o que tinha sido enviado de modo tão singelo. Escreveu em várias cópias e enviou para todas as destinatárias que ele já teria, quase sem querer, iludido.

Tinha escrito apenas:

Minhas desculpas.
Perdão...
Minhas desculpas ,sorte...

7 comentários:

  1. Tarssio, é verdade, lembrei de mim :x
    estranho, esse texto é sua cara!
    Mas, não sei como ainda me surpreendo com o que você escreve, sempre gosto de todos os textos!

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  2. nossa, muito tocante!

    Parabéns, lembra muito a realidade.

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  3. Parabéns pelo texto!!!
    Apesar da mensagem subentendida que ele transmiti... Ele é um texto que nos faz pensar na vida e como tratamos as pessoas.

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  4. Parabéns pelo texto ! Perfeito,muito lindo !

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  5. Que texto lindo, Figuraça ;)
    Feliz ano novo.. saudades!

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  6. Muito bom o texto, cara!
    Daqui a pouco você vai poder reunir todos os seus contos e fazer um livro bem bacana, hein?

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